terça-feira, 27 de outubro de 2015

E escritor não pode errar?


Com certeza alguém já escreveu sobre isso, mas sempre vale ressaltar. Aliás, qualquer assunto merece qualquer ressalva básica, e essa é uma delas. Sem mais delongas.
Simplesmente cansei, CANSEI, de ouvir as pessoas me dizerem “ai, tu é escritor, vai se dar bem na prova de Português” ou “nossa, tu errou? Tu não pode errar. Tu é escritor!”. Amigos, colegas e pessoas que nem conheço direito: DESENCANEM. Eu escrevo sobre criaturas mágicas e não-mágicas, humanos e não-humanos, vivos e não-vivos, mas isso não me torna nenhum desses seres; não é por que tenho a criatividade ─ que qualquer um tem, basta abandonar a preguiça de pensar ─ de criar uma história que eu sou obrigado a saber, de cor e salteado, Gramática, Ortografia e o diabo a quatro. Sou humano; uma pessoa comum, como qualquer outra.
Não tenho a obrigação de saber exatamente onde cada vírgula, ponto, acento, hífen, parênteses ou aspas devem estar. Se eu errar, tudo bem; é algo que se conserta. Mas o leitor vê isso? Com essa sociedade “crítica” em que vivemos, é meio difícil afirmar tal coisa... Eu sou leitor, e admito que tenho meu incontrolável fascínio por livros nacionais ─ talvez por entender bem que nós, autores, portamos o entendimento do que cada um realmente vive. Admito, também, que já li livros nacionais apontando erros de maneira espalhafatosa. “Essa vírgula não deveria estar aqui”, eu dizia, às vezes em voz um pouco alta demais. “Jesus Amado, que que é isso? A personagem mudou de nome no meio do livro?!”
É... Só se sente o quanto dói ter o dedo na ferida quando a ferida é em você.
Leitores já me apontaram erros no que escrevo, e, confesso, no começo eu até me entristecia. Mas nunca me deixei esmorecer. Estou errando? Beleza. Vamos ver aonde e dar um jeito nisso rapidinho. Nada que um pouco mais de estudo e leitura não ajude. Não é feio, não é anti-ético, não é constrangedor ─ não deve ser ─, para o autor, saber que ele cometeu alguns deslizes em seu texto. Na verdade, acho até bom quando os leitores encontram esses errinhos: é sinal de que eles estão realmente envolvidos na leitura. E isso nunca será algo ruim.
Agora, os leitores também devem saber comentar. Escritores são humanos, mas são tão sensíveis quanto vocês, que choram a morte de um personagem querido, que temem o fim da sua saga tão amada. Nós sabemos que erramos, temos consciência disso, e não precisamos que ninguém diga isso com um dedo apontado para nossas caras, meio quilo de palavrões esdrúxulos e/ou quatro pedras não mão que acabamos com toda a concordância do texto em uma única frase ou com ─ talvez sem ─ uma única vírgula. Leve em consideração que escrever com sono, numa madrugada gélida e insone, tem suas consequências, e que, às vezes, nos fogem alguns trechos à revisão. Além do que, se nos veem tão superiores assim, de onde arranjam toda essa pompa e coragem de vir falar horrores de nós mesmos nas nossas caras? Pelas costas ainda chega a ser menos doloroso.
O único orgulho que trago, sinceramente, é de ser um escritor brasileiro. Não me importo se não me conhecem, não me importo se tem gente que não gosta do que eu escrevo; me importa que alguém goste e que converse comigo sobre minhas histórias, expresse suas opiniões, da maneira mais inteligente e sensata, sem uma gota e arrogância. Isso é que faz a boa relação leitor-autor: diálogo simples e plausível.  Na verdade, é o que faz a boa relação pessoa-pessoa, que é o que realmente deve acontecer.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

#review11 - "Fim", de Fernanda Torres

O fim do Fim

Sinopse: "O público brasileiro acostumou-se a ver Fernanda Torres no cinema, no teatro ou na televisão .Com 'Fim', seu primeiro romance, ela consolida sua transição para o universo das letras. O livro focaliza a história de um grupo de cinco amigos cariocas. Eles rememoram as passagens marcantes de suas vidas - festas, casamentos, separações, manias, inibições, arrependimentos. Álvaro vive sozinho, passa o tempo de médico em médico e não suporta a ex-mulher. Sílvio é um junkie que não larga os excessos de droga e sexo nem na velhice. Ribeiro é um rato de praia atlético que ganhou sobrevida sexual com o Viagra. Neto é o careta da turma, marido fiel até os últimos dias. E Ciro, o Don Juan invejado por todos - mas o primeiro a morrer, abatido por um câncer. São figuras muito diferentes, mas que partilham não apenas o fato de estar no extremo da vida, como também a limitação de horizontes. Sucesso na carreira, realização pessoal e serenidade estão fora de questão - ninguém parece ser capaz de colher, no fim das contas, mais do que um inventário de frustrações. Ao redor deles pairam mulheres neuróticas, amargas, sedutoras, desencanadas, descartadas, conformadas. Paira também um padre em crise com a própria vocação e um séquito de tipos cariocas. Há graça, sexo, sol e praia nas páginas de 'Fim'. Mas elas também são cheias de resignação e cobertas por uma tinta de melancolia."
Há um certo impacto quando se descobre que uma atriz escreveu um livro. Impacto maior quando você adquire esse livro. E impacto maior ainda quando você esse livro. Logo, é perceptível que a literatura nacional ganhou novas raízes, levando o bom leitor a descobrir que até quem interpreta tão bem um personagem é capaz de criar outros ainda melhores.
O tal livro é da Fernanda Torres. Sim, ela mesma. Atriz e escritora, tem um misto de artes no sangue que a transformou em um ícone também, agora, da literatura. O pai escritor e a mãe também atriz fizeram de Fernanda uma pensadora exemplar dos tempos atuais, uma filósofa de vidas verídicas impressas em papel amarelado.
Em Fim, publicado pela Companhia das Letras em 2013, ela nos transporta ao Rio de Janeiro dos séculos XX e XXI, às aventuras mais loucas de cinco amigos e à morte de cada um deles, bem como de outras pessoas próximas. Um romance crônico, regado a ironias e palavrões, distribuídos em uma linguagem culta e deliberada no decorrer do texto. Jargões, termos técnicos, referências artísticas. No Fim há tudo.
Narrado em primeira pessoa, sendo que cada capítulo ganha um narrador diferente, o livro constrói um verdadeiro ninho de informações na cabeça do leitor, que, se não estiver atento, cai em desgraça logo no começo. São cinco amigos ─ Álvaro, Neto, Ciro, Sílvio e Ribeiro ─, que contam, cada um, suas histórias e um pouco da dos outros quatro, devagarzinho, detalhe por detalhe, de cada loucura que viveram até as próprias mortes.
Como a autora e os personagens são, basicamente, um só, as opiniões se chocam. Há momentos na leitura em que você não sabe se aquilo é o que a autora pensa ou se é o que um dos amigos pensa. Há machismo, há feminismo, há homofobia e há eutanásia. Há conflitos pessoais e sociais. Há traições e há fatos tão bem elaborados que parecem até mesmo reais.
Saúde frágil ou inexistente, acidentes, drogas, cansaço, até mesmo amor... Vários motivos levaram os cinco amigos ao verdadeiro fim de que se trata o livro.
De fato, eu tenho uma conexão com a morte que me deixa inspirado. E o modo como Fernanda aborda cada óbito é deveras impressionante ─ pelo menos pra mim. Fim deixou sequelas significantes para o leitor aqui, e, garanto, se você ler, e ficar realmente atento, verá que o livro pode, em determinados momentos, deixar você, como dizemos por aqui, “aguniado”.



Autora: Fernanda Torres nasceu no Rio de Janeiro, em 1965. Há 35 anos mantém uma carreira de sucesso no teatro, no cinema e na televisão. É colunista da Folha de S. Paulo, da Veja Rio e colaboradora da piauí.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Um encontro mágico em Aracoiaba - CE


Aracoiaba, no interior do Ceará, recebeu, nesta quarta-feira (07), o I Encontro de Leitores do Maciço de Baurité, o primeiro de muitos eventos literários que ficarão para a história da cidade.
Na ocasião, estavam presentes os escritores da ACeJE – Academia Cearense de Jovens Escritores, Alexandre de Almeida (eu), Manoel Oliveira e Jairo Sarfati, além de Alexandre Reis e Edgar Nogueira Lima, que são escritores de Fortaleza, e Ana Maria Nascimento e Rose Aracoiaba, filhas do município que recebeu o evento.
Sabe aquela sensação de estar em casa? Então, foi precisamente isso que senti, ali, durante toda a manhã com essas pessoas lindas e cheias de vontade de conhecer o novo, o até então pouco propagado. Sim, Aracoiaba, a literatura nacional, mais precisamente cearense, precisa muito de você!
À Rita Ferreira, diretora da E. E. E. P. Salomão Alves Moura, e à Ketna Gomes, educadora do Centro de Múltimeios da escola, que fizeram o convite à ACeJE e aos nossos parceiros escritores, um agradecimento especial, pois realizar um evento desse porte não é fácil, e vocês cumpriram perfeitamente essa missão que, todos esperamos, seja se propague e multiplique ano que vem.
Foi muito bom também, claro, conhecer novos autores, fazer novos amigos, apreciar novos trabalhos. Na verdade, isso tudo é sempre bom. Adquirir experiências, visitar lugares e aprender, ainda mais, a viver no mundo. Afinal, para escrever uma nova história, é fundamental conhecer outras.








quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Renata Ventura lança seu primeiro conto no Wattpad

Na última terça-feira (29), a autora dos livros “A Arma Escarlate” e “A Comissão Chapeleira”, Renata Ventura, publicou seu primeiro conto na plataforma digital Wattpad.
Intitulado de “A Travessia”, a história se passa no Rio de Janeiro do futuro, onde o Brasil vive uma guerra sangrenta e obscura contra si próprio. Focado em um personagem, o Paco, que vira meio que os olhos do narrador, o conto mostra uma ditadura, envolvendo estudantes, professores, traficantes e o governo.
“Escrevi este conto DEZ anos atrás, para um concurso que pedia histórias que se passassem no Rio de Janeiro”, conta a autora, em um texto publicado em um dos seus perfis do Facebook. “Nunca o havia publicado antes, mas acho que, com toda a loucura que está acontecendo no mundo agora, não há momento mais apropriado...”.
É a primeira publicação da autora pelo Wattpad, mas ela já é bem conhecida nesse nosso Brasilzão. Em dois dias de publicação, “A Travessia” já tem mais de 500 acessos!
As histórias de seus livros são uma versão brasileira do famoso Harry Potter, mas, claro, seus personagens vivem aventuras bem diferentes das do pequeno-grande bruxo.
Leia o conto aqui



Raquel Pagno será homenageada no Prêmio Clarice Lispector de Literatura


Nossa autora parceira Raquel Pagno postou, ontem (30), no seu perfil do Facebook, que será homenageada no Prêmio Clarice Lispector de Literatura, que acontece dia 24 deste mês, a partir das 18:30h, no Copacabana Rio Hotel, no Rio de Janeiro – RJ.
“Pense numa escritora feliz!”, foi como ela respondeu quando perguntei como estava se sentindo. “Estou muito feliz por receber o prêmio Clarisse Lispector, com certeza é uma honra ter meu trabalho reconhecido mais uma vez no meio literário”, ressalta Raquel.
Autora de vários títulos, dentre eles “O Voo da Fênix” e “2020 – A Revelação”, Raquel é conhecida internacionalmente, tendo ganhado vários prêmios literários e lançado livros em outros idiomas. Espero, assim como todos os outros leitores que acompanham seu trabalho, que o Prêmio Clarice Lispector de Literatura seja mais um marco em sua vida, e que venham muitos outros.
O prêmio é organizado pela Editora Comunicação e tem como finalidade homenagear autores que se destacaram nos anos de 2014 e 2015 e relembrar as contribuições que a autora modernista Clarice Lispector para a cultura do nosso país.